Na correria do dia a dia, já não encontramos tempo nem espaço para refletir. Em meus encontros semanais, através dessas crônicas da semana procuro avivar a necessidade de reflexão. O mundo, o tempo, o agora correm demais e em nossas mensagens de esperança e otimismo baseados nos acontecimentos comuns do cotidiano, analisa-se e faz considerações sobre como estamos conduzindo a nossa vida. Enfim, podemos meditar e refletir o cotidiano com fé, confiança e muita esperança no amanhã, através de uma luz no horizonte. No chão das crises e dos desafios, a flor da esperança cresce. Agradeço a Deus pelo dom de minha fé e pela luz da perseverança iluminando a estrada de minha vida. Como já escrevi neste espaço, nasci na antiga Fábrica de Tecidos da Gabiroba, onde vivi até aos dezoito anos. Meu saudoso pai, irmãos e irmãs lá trabalharam até o fechamento dessa indústria, lamentavelmente. Éramos felizes e não sabíamos. A Gabiroba é incrustrada na minha vida até eu morrer. Papai, meus irmãos gozavam da confiança e da amizade de seus proprietários. Repito: éramos felizes não sabíamos.

“Coisas da vida minha nêga”. O mundo passa, o ano passa, o mês passa, o dia passa e a vida também passa. Sentimos na pele e percebemos diariamente: o projeto do Pai Celestial está muito longe de ser realidade, em nosso meio. Gritar apenas contra a escuridão do túnel não é solução, não leva a coisa alguma. O jeito é acender ao menos um fósforo, numa pálida vela. E as trevas serão sempre menores. Cristão verdadeiro é alguém que acredita, luta e espera. Contra todos os desmentidos, contra toda esperança, se for preciso. Talvez não tenhamos aprendido ainda a viver o momento de graça da angústia, a hora da agonia. Não queremos acostumar ao Getsêmani do cálice amargo, porque sonhamos com um Jardim de Delícias: Vida sem dor, Mundo sem túnel. Rosas sem espinhos.

Mesmo sofrendo, às vezes confusos e desnorteados, a esperança deve manter-se incólume em nossos corações. A flor da esperança não pode morrer. Num mundo marcado pelo medo, pela solidão, pelo tédio e pela perda de valores, somos e devemos ser jardineiros da esperança, arautos da fé. Por mandato de Cristo e por nossa força do nosso Batismo, vale a pena parar um pouco na vida para rezar.

Quantas e quantas vezes não encontramos tempo para rezar? Os afazeres domésticos, a hora de ir para o trabalho, a hora do banho, do almoço ou do jantar, perturbados, esquecemo-nos de levantar os olhos para o alto e orar: “Senhor, que a nostalgia de ontem e a preocupação do amanhã, não estraguem o meu hoje, que eu coloco alegre, humilde e generosamente em tuas mãos de inesgotável misericórdia e infinito amor.

Meus amigos e amigas ouvintes há momentos em nossa vida que tudo parece perdido e de difícil solução. As trevas de nossa vida crescem. O desânimo nos abate. É no fim do túnel que mais necessitamos da mão forte e misericordiosa de Deus, amigo certo nas horas incertas, luz em nossos caminhos. Nascemos para vencer e não para sermos derrotados. A perseverança tudo alcança. Vitória sem luta, sem a cruz, é triunfo sem glória. Prefiro a tempestade, com Jesus, do que a bonança sem ele. Pensem nisso.

Ninguém progride na vida se não coloca os pés na estrada. Caminho se faz andando, persistindo, abraçando ideais, com generosidade. Perseguindo metas, com entusiasmo e determinação. Legiões de pessoas sucumbem à tentação de estacionar, dormindo sobre os louros do passado, catalogando as estatísticas do já realizado. Quem olha muito para trás, costuma perder tempo, chances, graças e oportunidades preciosas na escola do crescimento comunitário, apostólico e pessoal. O Reino é um edifício inacabado. Os restantes muito a construir, a refazer.

Outros passam a vida inteira planejando grandes ideais, arquitetando nas nuvens o que farão, um dia, talvez... Sonhando alto e retumbante, cruzam os braços, desperdiçando o hoje, o agora. Fãs da sombra e água fresca gostam de receber tudo pronto, facilitado. Muito faz quem faz bem o pouco que faz. A existência é desafio diário, luta constante. A paz de espírito e a realização humana são nossas tarefas.

Evangelizar reclama esforço, desinstalação, mangas arregaçadas, suor da fronte.

Motivação interna. O gênio é paciência, coragem, perseverança. O apóstolo e o santo, também. A fé assumida, vivenciada, nos faz pessoas diferentes mais lúcidos e sadios, mais intrépidos e pascais.

RECADO FINAL: Dalai Lama, pensador chinês escreveu para a eternidade: “Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E, por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem-se do presente de tal forma que, acabam por não viver o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido”. Pensem nisso, pois a vida continua sempre com surpresas agradáveis e ou desagradáveis. E lembrem-se: “A esperança sobrevive. O amor supra o ódio”. Portanto, doravante ergamos nossos olhos ao alto e vejamos a luz das estrelas no horizonte. Elas também são uma criação de Deus. Amanhecer cada dia com a luz da esperança brilhando nos olhos e com muita bondade no coração são os melhores caminhos a percorrer. A fé é um milagre do amor. E a esperança, um caminho até ao Senhor, na terra dos homens ... a caminho. A vida é o que dela fazemos. E, mais do que uma propriedade a ser defendida; a existência é um tesouro precioso a ser partilhado, repartido. Pensem nisso! O que seria de todos nós, pobres mortais, limitados e pecadores, sem a fonte inesgotável de esperança, do perdão e da misericórdia de Cristo Redentor, a qual podemos regressar e recorrer diariamente?