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COLUNISTAS
Marcos Gabiroba e a crônica da smana "Escrever, porque e porque escrever"
22/05/2023

Por que escrevo: como encontrar algo de original para dizer na décima, na quinquagésima ou centésima vez, sendo atencioso como qualquer pessoa merece, sobretudo, como um profissional do Direito, ou locutor de rádio que faz perguntas ou questionamentos do cotidiano? A resposta direta seria: escrevo porque sou ambivalente e inseguro desejoso de cumplicidade. Resposta pura e simples. Mas, uma pontinha de malícia, às vezes, dou uma resposta torta: a questão não é por que, mas “sobre o que escrevo”. De fato, escrevo e falo ao fazer minha literatura?

Um dos rótulos usados em relação a isso é “ele escreve sobre mulheres”, praia esta que não é do meu domínio. Constatação falhada, pois mulheres, normalmente, não são meus personagens exclusivos, nem mesmo os mais elaborados: são homens e crianças, casas com sótãos e porões, drama ou banalidades. Escrevo e falo também sobre o estranho atrás das portas, mortos que vagam e vivos que amam ou esperam.

Ainda escrevo sobre o que me assombra, às vezes, desde minha infância. Escrever para mim é, sobretudo, indagar: continuo como o menino que perguntava em demasia e que perturbava os almoços familiares querendo saber tudo, qualquer coisa, o tempo todo. Portanto, escrevo para obter respostas que – eu sei – não existem. Por isso, continuo escrevendo enquanto a vida me oferecer este espaço.

E escrevo sobre possibilidades de ser mais feliz – isso, eu sei também, depende um pouco de cada um de nós, de nossa honradez interior, nossa fé no ser humano; nosso compromisso com a dignidade. De sorte, e de decisões que muitas vezes só anos depois podemos avaliar.

Falo e escrevo do que somos cotidianamente: nobres e vulgares, sonhadores e consumidores, surrados de esperança e corroídos de terror, generosos e tantas vezes mesquinhos. Invento para minhas criaturas muito mais do que eu expresso em linhas ou saliências – sempre o mais importante de um texto meu. Mesmo que não menciono, sei se aquela mulher ou aquele homem usa algodão ou sedas, se a escada range quando ele ou ele caminha, ainda que nenhum desses detalhes apareça no romance. Conheço a solidão daquele homem ou daquela mulher, que cultiva medos secretos, se pensa na morte ou se desejaria ser mais amado ou mais amada. E quando começa a “ser” essa pessoa; quando o clima da obra me envolve e me arrasta, chegou o momento em que um livro quer ser escrito. Será que conseguirei? O tempo dirá!

Então, estarei aberto a ele, escutando o que se passa no meu interior. Boa parte do que escrevo brota desse caldeirão de bruxas que é inconsciente e lucidez, memória e invenção, susto e amadurecimento.

São meus e não são; esses vultos com seus destinos e desatinos – que armo e desarmo. De repente aí estão meus personagens: um olho, o contorno de um perfil, um gesto, um riso ou uma tragédia, um silêncio e uma solidão. Persigo a sua busca de significados, enquanto eu viver.

Escrevo porque tenho prazer em elaborar com palavras tantos destinos cujo fio nasce em mim, produzindo novelos para que eu trabalhe minhas tapeçarias.

Escrevo para seduzir leitores e ouvintes: se cúmplices da minha perplexidade fundamental, essa que me move.

Não se pode esquecer também que escrevo propondo uma releitura dos valores humanos, familiares e sociais de meu tempo: Cada uma de minhas crônicas pode e deve ser lidas ou escutadas pela Rádio Pontal FM como uma denúncia da hipocrisia, da superficialidade e da mentira nos tipos de relacionamentos mais estranhos ou mais comuns. Não é apenas o imponderável e mentiroso que me interessa, mas o grande desencontro humano. O escriba fala ou escreve pelo outros.

Trabalha para que os outros sonhem ou enxerguem melhores coisas que nem ele próprio advinha – estão além de sua visão, mas dentro do seu pressentimento.

Talvez seja essa a função de toda arte (se é que ela tem alguma): a libertação e o crescimento de quem a exerce e de quem a vai contemplar. Nessa medida a pessoa do escriba ou escritor é desimportante, valem os questionamentos que faz, e a forma com que elabora em textos a nossa essencial contradição – matéria viva de sua contemplação e arte. Pensem nisso.

Para encerrar: “É um grande privilégio ter vivido uma vida difícil. As pessoas tendem a esquecer dos seus deveres, mas lembrar dos seus direitos. Você deve apender a estar calmo no meio dos afazeres e energicamente vivo, enquanto estiver em repouso. O amor jamais reclama; dá sempre. O amor tolera, jamais se irrita, nunca se vinga. A pobreza é o pior poluidor do planeta”. (Indira Gandhi) “O sorriso é um feriado instantâneo, e a paz um desejo insistentemente contemporâneo. A imaginação é um livro ainda não lido, e a decisão é o auge de um descanso merecido. A fé é um lançar-se naquilo que é essencial, e o bom humor é o que torna a vida menos artificial. O coração é a fonte onde os sonhos e a realidade se encontram, e a convivência é o horizonte onde liberdades se reencontram” Pensem também nisso!








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