Marcos Gabiroba e a crônica da semana “Seu caráter é seu destino – pensamentosâ€
A vida não se nos apresenta de forma aleatória, casual. Ao contrário, determinamos nossos destinos em função das decisões que tomamos. Decidimos o que observar e o que ignorar, a hora de levantar e a hora de dormir, quanto trabalhar e quanto nos divertirmos, quanto desfrutar e quanto poupar para o amanhã, o que compartilhar com os outros e o que conservar para nós mesmos, quando persistir e quando ceder. Penso no caráter como um “programa” determinante das escolhas que fazemos nas diversas situações. Não é assim que agimos no nosso cotidiano?
O caráter se constitui das partes de nossa natureza básica que deixamos que se manifestem (e por corolário também das que reprimimos) e tem forma que lhe foi dada pela nossa criação, educação, cultura e experiência. Na vida, temos tendência de trabalhar duro ou ficar à toa? De sermos impetuoso ou cauteloso? Bem bem-humorado ou sério? Compassivo ou durão? Seguidor da cartilha ou improvisador?
Agressivo ou passivo? Ansioso para ir direto aos finalmente ou propenso a reexaminar uma decisão? Pronto para agarrar uma chance ou cuidadoso na análise do problema? Satisfeito com o bastante que tem ou sempre querendo mais? Egoísta ou altruísta? Termina o trabalho antes do prazo de entrega ou no último minuto?
Essas são as características de quem quer vencer no trabalho ou na vida com dignidade e talento, não é mesmo?
O mundo do pensamento e da ação se superpõe como demonstram os vaticínios autorrealizáveis – aquelas crenças que se tornam realidade como resultado de ação de pessoas ou grupos que as tomam por verdadeiras. Por exemplo, se os consumidores acreditam que haverá escassez de um determinado produto e afluem às lojas para comprá-lo estarão afetando os canais de distribuição e causando de fato a escassez que supunham iminente. Se uma professora acha que seus alunos são talentosos e faz das tripas coração para cultivar lhes os talentos. Eles muito provavelmente irão se distinguir nos estudos. Se seu time de coração acha que tem azar contra determinado adversário, sempre acabará encontrando uma forma de ser derrotado por ele. Não é assim que acontece? Se os investidores aplicam seu capital porque acreditam que as condições de mercado serão boas, com isso estarão aumentando a confiança no mercado e criando um clima positivo para novos negócios, não é mesmo? Quer dizer; aquilo que pensamos de nós tem sempre uma forma de se tornar verdade. Se você se acha criativo, tenderá a se colocar em situações onde possa usar sua criatividade, experimentar novos enfoques, assumir riscos e ter novas ideias. Se você não se acha criativo, o mais provável é que tenha medo de suas ideias que não lhes dará chance da darem certo. Lembrem-se: “O que você pensa, você é”.
Que partes de seu caráter podem ajudá-lo e uma situação atual ou iminente? Que partes podem levá-lo ao fracasso? O que você terá de reprimir para vencer? De que maneira você se vê tendo sucesso? Que vaticínios autorrealizáveis – positivo e negativo – estão em sua vida? Estabeleça seu próprio curso e vaticine seu próprio sucesso, pois seu caráter é seu destino. Certa vez Heráclito escreveu em um de seus estudos que: “Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio”. Percebi que, ao entrarmos no rio, o rio muda e nós também mudamos. A mesma lógica se aplica quando entramos nos Insights Criativos: meditando regularmente sobre essas ideias, o nosso pensamento se transforma e nossa criatividade aumenta. Na verdade, o estilo enigmático de Heráclito por si só nos obriga a mudar nossa maneira de pensar. Para entender suas vividas metáforas e seus paradoxos incomuns, temos de tolerar s ambiguidade e sondar significados simbólicos. Temos que ser imaginativos e pensar em múltiplas interpretações. Esses esforços são compensadores, porque nos epigramas de Heráclito descobrimos um tesouro de inspiração criativa. Já pensou nisso, caro ouvinte? A realidade é ambígua: assim como a cor azul representa a misericórdia na cabala judaica a água em mapas geográficos é monóxido de carbono em rótulos de botijões de gás, as situações com que deparamos podem ser interpretadas de muitas maneiras, dependendo do contexto em que as considerarmos. Essa ambiguidade nos dá a liberdade criativa de imaginar significados alternativos. Examinar o problema inverso daquele que você enfrenta poderá lhe proporcionar uma nova perspectiva. E toda estratégia que conduz ao sucesso pode, em última instância, levar ao fracasso ou à estagnação.
Portanto, há momentos em que, para crescer, você talvez tenha de deixar de lado as coisas que o ajudaram a obter o êxito inicial. Já pensou nisso? Nosso caráter ajuda muito. Curiosidade, espírito lúdico, sobriedade e integridade são traços positivos.
Arrogância, preguiça e estreiteza mental são prejudiciais. Por fim, aprecie o agora, mas esteja sempre aberto para receber o agora seguinte com uma renovada série de suposições. Afinal, cada dia que se nos apresenta não apenas com novos problemas e surpresas, mas também com oportunidades para transformarmo-nos o rio e a nós que entramos nele, pois a água em que você se banhou passa, mas o rio permanece.
Pensem nisso. Parabéns eterno Dom Mário Teixeira Gurgel pelo seu centenário de vida. Um dia, se Deus quiser, encontraremos no Céu. Suas eternas palavras ainda ecoam em minha vida: “Quem não vive para servir, não serve para viver” e, “Quando ocupares a alguém para um serviço religioso ocupe quem já é ocupado, pois o desocupado nunca tem tempo”, lembra, querido Bispo?