Diz a estória a seguir que “em um brejo, morava uma poderosa serpente que impunha muito respeito diante de todos os demais animais, por sua ferocidade e seu tamanho”. “Entretanto, uma coisa a incomodava. É que no início da noite aparecia um vaga-lume colorindo todo o pântano com o seu pisca-pisca”.

E a serpente começou a perseguir o vaga-lume. Mal ele chegava e começava a piscar, a serpente preparava-se e dava um bote, mas ele fugia rápido. Ela não desistia. Passava o tempo, durante o dia, preparando táticas que iria aplicar de noite para engolir o vaga-lume. Depois de alguns dias, ele ficou cansado daquilo.

Procurou a serpente durante o dia e, protegendo-se na folhagem de uma árvore, perguntou: “Dona serpente, posso fazer-lhe três perguntas?” –“Não costumo abrir esse precedente para ninguém, mas já que vou mesmo devorá-lo, pode perguntar..”

– “Eu pertenço a sua cadeia alimentar?” – “Não respondeu a serpente!” – eu lhe fiz algum mal?”

 –“Não”. “Respondeu novamente a serpente”.

–“Então, porque você quer acabar comigo?”

 –“Porque não suporto ver você brilhar...”, responde a serpente, esgueirando-se no galho até dar um bote fatal tirando, desta, forma, o brilho daquela noite. Claro, lógico e evidente que esta estória é uma fábula que infelizmente não está longe da realidade. Muitos casos de inveja chegam a resultar em morte, ou pelo menos no desejo de destruição do outro (seu parente, amigo ou alguém que você não o quer bem na vida, no trabalho ou na comunidade), assim como o ciúme doentio pode causar problemas, ou gerar crimes passionais.

Também na empresa, a inveja e o ciúme podem causar problemas sérios, não só entre duas pessoas, mas em todo ambiente de trabalho, não é mesmo? Esses sentimentos destrutivos existem em todos os setores da sociedade. Dias desses, lendo um dos artigos de um jornal famoso de São Paulo, estampando que a mídia, no geral tem dois prazeres: consagrar talentos desconhecidos e afundar talentos consagrados. Esta é uma realidade insofismável existente neste país “grande e bobo”, concordam? A pessoa que tem inteligência espiritual procura adotar, tanto nas situações mais corriqueiras quanto nos momentos mais críticos e delicados, uma postura discreta de modo a não gerar ciúmes e não ir ao confronto, a não ser que isto seja absolutamente necessário. Não é mesmo? Pensem nisso!

A guisa de exemplo, podemos observar, ainda, no mundo de hoje, que a vida de Jesus tem bons exemplos dessa atitude. Em certa ocasião, quando pregava no templo de Jerusalém, ele percebeu que vários fariseus e saduceus, duas poderosas correntes religiosas dos judeus naquela época, estavam na porta do templo e queriam entrar em conflito com ele, para prejudicá-lo, movidos pelo ciúme. Porém, Jesus fugiu do confronto saindo pela porta dos fundos do templo, coerente com o que ele mesmo afirmava: “Sejamos prudentes como a serpente e simples como a pomba”. Em outros momentos, no entanto, ele não teve medo de firmar sua posição, às vezes até com severidade, como no episódio da expulsão dos mercadores do templo. Nesse mundo competitivo hodierno, usar a inteligência espiritual é saber navegar por sobre as ondas mais difíceis e traiçoeiras, sem gerar ciúmes, sendo discreto e agindo com senso de oportunidade, no momento e no tom certo. Dessa estória, se quisermos podemos tirar dicas inspiradas contra o ciúme e a inveja, senão vejamos: “Evite a promover a si próprio; deixe que suas ações o valorizem. Esteja sempre pronto a perceber e ouvir, mesmo que você já saiba o fim da história.

Nunca se coloque como o dono da verdade, mesmo que você tenha certeza de que está com a razão (até porque ninguém é dono da verdade e toda razão é relativa). Fique atento para não ser arrogante em nenhuma ocasião. A arrogância é fatal. Se vista com elegância para causar impressão positiva aos olhos dos outros, mas de maneira discreta. Quando em reunião de família, não fique contando vantagem de suas últimas aquisições. Aprenda a tornar-se invisível, quando necessário e, finalmente, aprenda a ser incisivo, ou mesmo agressivo, quando a situação assim o exigir, lembrando-se de um velho e conhecido provérbio árabe que nos adverte: “Sê bom, mas que a tua mansidão não faça o lobo tornar-se audacioso”.

Meus amigos e amigas ouvintes, ninguém é perfeito neste mundo de meu Deus. Todos nós temos defeitos e estamos sujeitos à turbulência em nossa vida cotidiana, estas provocadas por nós mesmos ou pelos outros. A inabilidade para lidar com os defeitos dos outros mostra que, de certa forma, temos também ainda àquele mesmo defeito. Pensem bem, além do ciúme e da inveja, convivemos com vários outros obstáculos, não é mesmo?, tais como: Rancor, insegurança, altivez, arrogância e espírito bélico que são alguns desses obstáculos, que atrapalham terrivelmente o nosso sucesso, o sucesso dos outros e o sucesso do grupo do qual fazemos parte. Pensem também nisso!”

Nós, como seres humanos somos como anjos de uma só asa. Só conseguimos voar quando estamos abraçados. Uma coisa é certa: o sucesso de qualquer projeto ou empreendimento – seja a empresa, a família, o casamento, a igreja que você frequenta, o clube, a comunidade, a nação – depende basicamente da sintonia de propósitos, da união, da harmonia e da sinceridade. É bom, muito bom pensar nisso também. Aprendamos, então, a voar abraçados.